Demônio "Devorador" existe?   Não!

NESSE ESTUDO VOU FOCAR EXCLUSIVAMENTE A QUESTÃO DA EXPLICAÇÃO  DO "DEVORADOR". 

NO CONTEXTO TEMOS OUTRO TEMA O "DÍZIMO" QUE EXPLANO À PARTE - VER ESTUDOS APOLOGÉTICOS

Malaquias 3;10-12

O devorador, segundo alguns pastores  (pois certamente não é o consenso), e também muitas das suas ovelhas, ser um tipo de "demônio" que devora as finanças e causa os mais variados tipos de prejuízos em diversas áreas da vida do cristão que não "dizima" ou é infiel nos "dízimos" e ofertas.

Outra colocação que é uma heresia, é a afirmação que para esse demônio, nem a oração têm o poder de repreendê-lo, porém, somente o "dízimo" pode neutralizar o seu poder contra os cristãos. Como pode, se está escrito:

Lc 10;19 Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum.

Jesus Cristo, o Filho do Eterno nos diz que temos poder sobre o diabo e seu exército. Os que "ensinam" dessa forma sobre o “demônio devorador” utilizam como base dois textos muito conhecidos de todos, nos livros de Malaquias e Joel, mas contextualizados segundo os seus interesses financeiros. pois  a hermenêutica e exegese teológica é outra

Ml 3;10-12  Trazei todos os dízimos ao tesouro do templo, para que haja mantimento na minha casa e provai-me nisto, diz o Senhor dos exércitos, e vede se não vos abrirei as janelas do céu e não derramarei sobre vós tantas bênçãos, que não conseguireis guardá-las. Por vossa causa também repreenderei “a praga devoradora” [ou o devorador na versão ARA], e ela [ou o devorador na versão ARA] não destruirá os frutos da vossa terra, nem as vossas videiras no campo perderão o seu fruto, diz o Senhor dos exércitos. E todas as nações vos chamarão bem aventuradas; pois a vossa terra será aprazível, diz o Senhor dos exércitos. (Versão Almeida Século 21

Jl 2;25-27 Assim vos restituirei os anos consumidos pelo “gafanhoto” migrador, pelo assolador, pelo destruidor e pelo cortador, meu grande exército que enviei contra vós. Comereis à vontade e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que agiu em favor de vós de maneira maravilhosa; e o meu povo nunca será envergonhado. Vós sabereis que eu estou no meio de Israel e que eu sou o Senhor vosso Deus, e não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado. (Versão Almeida Século 21

INICIALMENTE  VEJAMOS O CONTEXTO DOS LIVROS DESSES PROFETAS

Antes de fazermos a exegese1 destes dois textos em pauta e chegarmos biblicamente à conclusão, é essencial obtermos uma melhor compreensão do tema, entendendo o contexto dos livros de Malaquias e Joel. 

Profeta Malaquias

O profeta Malaquias (Judá, Reino Sul) surgiu no cenário de Israel num tempo em que dominava a tepidez (fraqueza) espiritual. Israel estava desmotivado e em profundo desânimo. E por quê?

No contexto de Malaquias os judeus tinham regressado do cativeiro a cerca de uns cem anos. Deus havia mandado o povo de Israel para o exílio, por volta de 600 ou 500 a.C, em razão reiterada idolatria e falta de arrependimento. Um exílio que durou 70 anos na Babilônia.

Tempos depois Esdras e Neemias, dois homens levantados por Deus lideram o retorno a terra prometida. Nisso o povo entendeu que havia  chegado o tempo do cumprimento das grandes promessas que os profetas de Israel Isaías, Ezequiel e Jeremias profetizaram.

Entretanto cem anos se passaram desde a volta do cativeiro, e as coisas não estavam acontecendo conforme a expectativas, mas a realidade era bem diferente. Nisso os cultos viraram mero formalismo, rituais mecânicos e sem vida. O coração do povo não estava mais neles. Cada um dava prioridade a seus assuntos pessoais, em vez de se dedicar a terminar a reconstrução do templo e prestar culto a Deus (Ml 1;1-5). Os sacerdotes estavam corrompidos (Ml 1;6 e 2;9).

O povo havia se casado com mulheres estrangeiras que cultuavam deuses pagãos (Ml 2;10-15; Ed 9;1-2 e Ne 13;23-27). Estavam cometendo injustiças sociais (Ml 3;5 e Ne 5;1-13). E, finalmente, vemos a infidelidade do povo para com Deus retendo os "dízimos" e as ofertas (Ml 3;6-12 e Ne 13;10-14). 

Ed 9;1-2 Acabadas, pois, estas coisas, chegaram-se a mim os príncipes, dizendo: O povo de Israel, os sacerdotes e os levitas, não se têm separado dos povos destas terras, seguindo as abominações dos cananeus, dos heteus, dos perizeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios, e dos amorreus. 2 Porque tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a linhagem santa com os povos dessas terras; e até os príncipes e magistrados foram os primeiros nesta transgressão.

Ml 3;5 E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que defraudam o diarista em seu salário, e a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos Exércitos.

Profeta Joel

Não obstante, Joel, (Judá, Reino Sul) por sua vez, um dos mais antigos profetas do Antigo Testamento, aparece em meio a um período de seca prolongada em Judá durante o reinado do rei Joás, provavelmente por volta do ano 835-796 a.C.

Todavia, uma grande invasão de gafanhotos destruiu quase toda a plantação que havia na Terra Prometida, afetando toda a terra, resultando, assim, numa grave crise econômica (1;7-20), o que afetou o Reino do Sul deixando-o muito enfraquecido economicamente.

Jl 1;4 O que ficou da lagarta, o gafanhoto o comeu, e o que ficou do gafanhoto, a locusta o comeu, e o que ficou da locusta, o pulgão o comeu. (Versão Almeida corrigida)

Versão NVI diz: O que o gafanhoto cortador deixou o gafanhoto peregrino comeu; o que o gafanhoto peregrino deixou o gafanhoto devastador comeu; o que o gafanhoto devastador deixou o gafanhoto devorador comeu.

Entretanto, esse desastre natural enviado por Deus e executado pelos gafanhotos, serviu para Joel de ilustração a despeito da essência de sua mensagem, ou seja, o castigo de Deus em virtude dos pecados dos sacerdotes e do povo (Jl 2;1-17).

Contudo, é bem possível que, assim como o povo de Israel na época de Malaquias, a causa do castigo de Deus ao povo de Judá foi também devido à tepidez (fraqueza) espiritual. O profeta Joel convoca este povo que havia deixado de amar a Deus acima de tudo para um sincero arrependimento descrito em (Jl 2;13). 

Portanto, entendemos um pouco do contexto da mensagem de Malaquias e Joel em seus dias de Profetas sobre Judá.

Resta-nos saber, então, o que é o devorador, se é uma espécie de “demônio” que atua causando prejuízos na vida do cristão que não "devolve o dízimo" ou apenas insetos usados pelo SENHOR que permitiu atuarem contra o povo pela frieza espiritual.

A Palavra diz que o SENHOR os enviou; Jl 2;25 ...“gafanhoto” migrador, pelo assolador, pelo destruidor e pelo cortador, meu grande exército que enviei contra vós...

Cortador é um tipo de gafanhoto que se instala ou habita na plantação. Ele destrói uma parte dos frutos apenas.  Migrador é um tipo de gafanhoto que voa em bando por diferentes lugares. Devorador ou Infestante por sua vez, é o tipo mais devastador de gafanhoto, voa também em bando e quando pousa sobre uma plantação, a destrói quase que por completo em curtíssimo prazo. Por fim o Destruidor que possui o maior poder de destruição. Quando uma plantação sofre o ataque destes insetos, ela é completamente destruída.

Conforme a passagem de Joel (2;25) é simplesmente a descrição de um inseto chamado gafanhoto devorador (nome popular, pelo que ele provoca na lavoura), que o SENHOR enviou contra seu povo, e não de um demônio que assola a vida do cristão.

O ataque de gafanhotos  que Judá sofreu na época do profeta Joel foi o castigo de Deus resultou numa assoladora crise econômica de toda a nação. Foi o meio de Deus levar o povo ao arrependimento de seus pecados e a se voltar para Ele.

Este mesmo entendimento se aplica também no caso de Malaquias, onde o povo de Israel que sobrevivia da agricultura, pois era a profissão de praticamente todos eles, também sofreu financeiramente com a praga de gafanhotos devoradores.

Nesse sentido alguns Pastores, ensinam fora do contexto, sem temor ao SENHOR, para trazer “peso” na vida do cristão, dizendo que terão seus bens devorados por "um demônio" caso não devolvam o "dízimo" (Ver Estudos Apologéticos - "Dízimo"? Ofertas)

E ainda para completar a heresia, dizem que somente o SENHOR pode repreender esse demônio, quando a Palavra diz que nós, Seus filhos temos a autoridade dada por Jesus Cristo em Mateus 28;18 e Marcos 16;17.

Mt 28;18 E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Mateus 28:18Lucas 1;19 Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum, Mc 16;17 [Disse Jesus] E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios...

Portanto, a idéia de que existe um demônio chamado Devorador é uma falácia, ou seja, um raciocínio errado com aparência de verdadeiro, sem fundamento. Não vemos nenhuma citação bíblica que o devorador seja um demônio nos evangelhos por Jesus e nas cartas por Paulo, Pedro, João, Tiago, Judas e Hebreus.

Pastores que ensinam sobre “o devorador”, em parte lamentavelmente aprenderam errado, em parte conhecem a exegese do texto, ou seja, sabem que essa passagem não tem nada a ver com espírito maligno, mas são gananciosos,  pois enganam o povo de Deus a contribuírem financeiramente na igreja por medo do devorador ao invés de exporem a verdade sobre o assunto. Esses pastores estão em pecado.

O devorador não é um demônio que causa prejuízos financeiros na vida daquele que é infiel nos "dízimos" e nas ofertas, mas, simplesmente, um inseto [gafanhotos com características de ações diferentes]. Em conformidade com as Escrituras, Deus essa praga [como algumas traduções definem] foi  usada para executar o seu juízo disciplinador sobre o seu povo que estava vivendo em pecado.

Deus, indubitavelmente, utiliza meios para nos disciplinar e nos levar ao arrependimento ainda hoje quando não estamos vivendo a vida que Ele requer de nós, quer seja uma doença, uma crise financeira ou no casamento, a morte de um ente querido dentre outras coisas.

A disciplina é simplesmente o cuidado e o amor de Deus para com os seus filhos (veja Hb 12;4-14). Nos dias desses Profetas foram os insetos, somente insetos.

Para completar esse estudo ver em Estudos Apologéticos - "Dízimo"? e Ofertas.

Nota: São várias as traduções: O “devorador” (ARA, ARC), a “praga devoradora” (Almeida Século 21), e as “pragas” (NVI).

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