Hinduísmo

                                            

                                                                    Brahman,
                                              Divindade maior, a essência do Universo

Raízes

O Hinduísmo porta uma visão do mundo completamente diferente da ocidental. Seu conceito de História é cíclico. O mundo se move em ciclos que se perpetuam eternamente, não ao longo de uma linha com início, meio e fim - é o eterno retorno. É uma religião pobremente estruturada, sem sacerdotes ou instituições como igrejas. É mais um complexo de crenças que se desenvolveram desde a escrita de seus livros mais antigos e sagrados, os Vedas. Os hindus veneram literalmente milhões de deuses.

Brahma

O Hinduísmo é uma religião com cerca de oitocentos milhões de seguidores, quase todos na Índia. Sua origem, possivelmente, remonta a 3.500 anos atrás, quando arianos vieram do noroeste para o vale do Indo. A base religiosa desse povo provavelmente era babilônica. Antes de sua chegada, os habitantes do local veneravam principalmente uma divindade feminina (deusa-mãe).

 

Escritos sagrados

Os primeiros escritos sagrados, os Vedas, foram completados por volta de 900 A.C. e depois complementados por escritos secundários, os Brâmanas e os Upanichades. Os primeiros foram escritos a partir de 300 A.C. e versam sobre ritos e sacrifícios. Os segundos, também conhecidos como Vedanta, foram escritos entre 600 e 300 A.C. e contêm a essência da filosofia hindu, tais como os conceitos de samsara (transmigração das almas) e carma (a lei de ação e reação). Outro conjunto de escritos são os Puranas, que são mitos sobre deuses e heróis, dentre os quais estão as epopeias de Ramaiana e Mahabharata.

Dentro do Mahabharata, encontra-se o Bagavad-Gitã, o ensinamento supremo sobre moralidade para os hindus. Trata-se de uma conversa, em campo de batalha, entre um mestre e seu discípulo, os quais representam a divindade e o homem, ou seja, é um ensinamento que provém de Deus - a ciência da autorealização. Os Puranas, ao contrário dos livros anteriores, foram escritos por homens, ainda que sob inspiração divina. Os livros mais sagrados, como os Vedas, foram escritos diretamente por Deus.

 

Princípios e conceitos

Um dos preceitos básicos do Hinduísmo é a doutrina de ainsa, que consiste em um extremo respeito pela Natureza. Daí provêm os hábitos de não matar animais e o culto a vacas e macacos. Os seguidores mais rigorosos desse preceito são os adeptos do Jainismo, que usam máscaras para não engolirem acidentalmente insetos. Ainsa também se interpreta como não-violência e foi a base filosófica de Mahatma Gandhi em sua campanha pela liberdade da Índia.

O aspeto mais conhecido do Hinduísmo é sem dúvida a divisão da sociedade em castas. Esse sistema é o varna e impõe ao homem aceitar sem restrições a classe social em que nasceu e que faz parte de seu carma. As castas, cuja origem é mitológica, são estas:

Os brâmanes ou sacerdotes;
Os governantes e guerreiros;
Os mercadores e lavradores;
Os trabalhadores.


Durante certo tempo, houve classes ainda mais baixas como os párias e os intocáveis. A "intocabilidade" é ilegal na Índia desde 1948. Uma vez que varna significa "cor", é um sistema de segregação racial, com os arianos brancos ocupando o topo da pirâmide social e os de pele mais escura a base desta.

O carma é o conceito de que as ações em uma vida influenciam as vidas seguintes no ciclo de reencarnações. Dessa forma, cada homem faz seu destino e dele não pode se furtar. O carma está ligado ao conceito de uma alma imortal que transmigra de um corpo para outro (às vezes renascendo como animal) e que deve se purificar através de sua peregrinação pela Terra até se unir à Suprema Realidade, que é conhecida como Brahman. Essa libertação da reencarnação é a mocsa e depende de uma fidelidade aos princípios hindus (o caminho da libertação consiste nos quatro iogas). Uma vez liberta, a alma se torna parte do grande todo cósmico de onde ela emanou - como uma gota voltando ao oceano.

 

Deuses

Embora os hindus venerem milhões de deuses, existe uma trindade principal, a Trimurti. Ela consiste em Brahma, o Criador, Vixnu, o Preservador e Shiva, o Destruidor. Cada um tem pelo menos uma esposa. Dentro da complexa mitologia hindu, essas três divindades estão inseridas em uma divindade maior, o Brahman, a essência do Universo, e todos os outros milhões de deuses são manifestações dessa deidade. Não é, porém, um Deus pessoal; é mais um princípio cósmico e caracteriza o Hinduísmo como uma religião monoteísta.

Existe também uma deusa suprema, esposa de Shiva, cuja forma benigna é Parvati e a maligna é Kali. Provavelmente é uma recordação do antigo culto da deusa-mãe, a Mãe-Terra, presente em muitas culturas.

 

Adoração do Ganges

O culto ao rio Ganges também toma a forma de um culto divino. Os hindus acreditam que o Ganges é mais antigo que a Terra e jorrou do Céu e que pode curar e purificar o corpo e a alma. Pode até mesmo libertar o homem de seus pecados em vidas anteriores. A adoração é chamada puja e consiste de orações e oferendas. Além disso, os mortos são cremados à beira do rio. Hoje, mesmo com a extrema poluição do Ganges, milhões de hindus persistem nessa prática.

 

A alma no Hinduísmo

A transmigração da alma é um conceito mais complexo que a simples reencarnação. Admite-se que a alma toma para si um corpo que evolui da infância para a velhice e depois é substituído por outro. Contudo, o homem pode renascer como animal, inseto, planta ou um homem deformado, dependendo de seu carma ser bom ou mau. Pode também a alma passar por diversos infernos hindus, quando seu carma é extremamente mau, precisando se purificar antes de renascer como um animal e depois voltar à forma humana.